1120 DC-1230 DC
Attar
Farid ud-Din Abu Hamid Muhammad ben Ibrahim era geralmente conhecido pelo nome de Attar, o perfumista. Conquanto pouco se saiba, com certeza, a respeito de sua vida, parece que nasceu em 1120 d.C. perto de Nishapur, no noroeste da Pérsia (terra natal de Omar Khayyam). Acredita-se que sua morte, cuja data é incerta, tenha ocorrido por volta de 1230, de modo que ele teria vivido cento e dez anos. A maioria das coisas que se conhecem a seu respeito pertence à lenda, incluindo sua morte, nas mãos de um soldado de Gêngis Khan. De suas reminiscências pessoais, espalhadas pelos seus escritos, infere-se que passou, quando moço, treze anos em Meshad. Segundo nos conta Daw-latshah, Attar estava sentado, um dia, à porta da sua loja com um amigo quando ali se apresentou um dervixe, que olhou para dentro, aspirou os suaves perfumes que se desprendiam da loja, suspirou e pôs-se a chorar. Supondo que ele estivesse tentando despertar compaixão, Attar pediu-lhe que se retirasse. Respondeu o dervixe:
“Sim, não há nada que me impeça de deixar a tua porta e dizer adeus a este mundo. Tudo o que possuo é a minha khirka surrada. Mas sofro por ti, Attar. Como poderás, algum dia, voltar o rosto para a morte e renunciar a todos esses bens terrenos?”
Attar replicou que esperava terminar a vida na pobreza e no contentamento, como um dervixe.
“Veremos”, disse o dervixe.
E, deitando-se no chão, morreu.
Attar ficou tão impressionado com a cena que deixou a loja do pai, fez-se discípulo do famoso xeque Bukn-ud-din e começou a estudar, na teoria e na prática, o sistema de idéias dos sufis. Durante trinta e nove anos viajou por muitos países, estudando em mosteiros e coligindo os escritos de sufis devotos, além de lendas e histórias. Em seguida, regressou a Nishapur, onde viveu o resto da vida. Dizia-se que ele possuía uma compreensão mais profunda das idéias sufistas do que qualquer outra pessoa do seu tempo. Compôs cerca de duzentos mil versos e muitas obras em prosa. Viveu antes de Jalal-uddin Rumi. Perguntado sobre qual dos dois mais compreendera a doutrina dos sufis, um sufi respondeu:
“Rumi voou para as alturas da perfeição como a águia, num repente; Attar chegou à mesma altura marinhando como a formiga”.
Rumi disse: “Attar é a própria alma”.
FONTE:http://dim-dim-universos.blogspot.com.br/2011/04/farid-ud-din-attar.html
TÚMULO DE ATTAR EM NISHAPUR.
(DEVE-SE ENTENDER QUE O POETA SE EXPRIME NA LINGUAGEM SIMBÓLICA DA POESIA PARA EXPRESSAR A BUSCA ETERNA DO SER HUMANO PARA IR AO ENCONTRO DE DEUS...O sufismo busca o Criador
na essência da Beleza em todas as suas manifestações e no total desapego às coisa terrenas. Vê-se uma ligação muito estreita entre o Sufismo e a filosofia de vida do povo RHOM,os Ciganos.)
(...)O amor de Sua beleza é um oceano de fogo.
Se você é um amante, queimará,
assim é o Caminho.
Onde a chama brilhante de uma vela se elevar
A mariposa passando ali certamente queimará.
Se você quer o segredo do amor,
abandone a crença e a descrença.
Que espaço há para elas com a chegada do amor?
O amante que chega ao primeiro estágio do Caminho
cai na fragilidade como uma sombra no chão.
Um pouco depois não resta nada da sombra
O Rouxinol (Extraído do livro "A Linguagem dos Pássaros,escrito por Attar.)
O amoroso Rouxinol foi o primeiro a adiantar-se, quase fora de si de paixão. Cada uma das mil notas do seu cantar extravasava emoção; e cada qual encerrava
um mundo de segredos. Quando ele cantava esses mistérios, os pássaros silenciavam.
"Conheço os segredos do amor", disse. "Repito a noite inteira meus cantos amorosos. Não haverá um Davi infeliz para quem eu possa cantar os salmos ansiosos
de amor? Por minha causa emite a flauta seus meigos queixumes e o alaúde, seus lamentos. Crio um tumulto entre as rosas e no coração dos amantes. Ensino sempre mistérios
novos e, a cada instante, repito novos cantos de tristeza. Quando o amor me subjuga o coração, meu canto é como o suspiroso mar. Quem me ouve deixa de lado a razão,
ainda que figure entre os sábios. Quando me separo de minha querida Rosa fico desolado, deixo de cantar e não conto a ninguém meus segredos. Meus segredos não são
conhecidos de todos; só a Rosa os conhece com certeza. Estou tão enamorado dela que não penso sequer na minha existência; pois só penso na Rosa e no coral das suas
pétalas. A jornada em demanda do Simurgh está acima das minhas forças; o amor da Rosa basta ao Rouxinol. É para mim que ela floresce com suas cem pétalas; que mais,
portanto, posso desejar? A Rosa que hoje se enflora está cheia de desejo e sorri para mim com alegria. Quando mostra o rosto sob o véu, sei que o mostra para mim.
Como pode, pois, privar-se o Rouxinol, nem que seja por uma só noite, do amor de sua feiticeira?"
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