"Deus dorme nas pedras, respira nas plantas, sonha nos animais, desperta nos homens..." (AFORISMA INDIANO).


quarta-feira, 28 de março de 2012

UM POETA E FILÓSOFO SUFISTA PERSA: FARID UD-DIN ATTAR...


1120 DC-1230 DC


Attar

Farid ud-Din Abu Hamid Muhammad ben Ibrahim era geralmente conhecido pelo nome de Attar, o perfumista. Conquanto pouco se saiba, com certeza, a respeito de sua vida, parece que nasceu em 1120 d.C. perto de Nishapur, no noroeste da Pérsia (terra natal de Omar Khayyam). Acredita-se que sua morte, cuja data é incerta, tenha ocorrido por volta de 1230, de modo que ele teria vivido cento e dez anos. A maioria das coisas que se conhecem a seu respeito pertence à lenda, incluindo sua morte, nas mãos de um soldado de Gêngis Khan. De suas reminiscências pessoais, espalhadas pelos seus escritos, infere-se que passou, quando moço, treze anos em Meshad. Segundo nos conta Daw-latshah, Attar estava sentado, um dia, à porta da sua loja com um amigo quando ali se apresentou um dervixe, que olhou para dentro, aspirou os suaves perfumes que se desprendiam da loja, suspirou e pôs-se a chorar. Supondo que ele estivesse tentando despertar compaixão, Attar pediu-lhe que se retirasse. Respondeu o dervixe:

“Sim, não há nada que me impeça de deixar a tua porta e dizer adeus a este mundo. Tudo o que possuo é a minha khirka surrada. Mas sofro por ti, Attar. Como poderás, algum dia, voltar o rosto para a morte e renunciar a todos esses bens terrenos?”

Attar replicou que esperava terminar a vida na pobreza e no contentamento, como um dervixe.

“Veremos”, disse o dervixe.

E, deitando-se no chão, morreu.


Attar ficou tão impressionado com a cena que deixou a loja do pai, fez-se discípulo do famoso xeque Bukn-ud-din e começou a estudar, na teoria e na prática, o sistema de idéias dos sufis. Durante trinta e nove anos viajou por muitos países, estudando em mosteiros e coligindo os escritos de sufis devotos, além de lendas e histórias. Em seguida, regressou a Nishapur, onde viveu o resto da vida. Dizia-se que ele possuía uma compreensão mais profunda das idéias sufistas do que qualquer outra pessoa do seu tempo. Compôs cerca de duzentos mil versos e muitas obras em prosa. Viveu antes de Jalal-uddin Rumi. Perguntado sobre qual dos dois mais compreendera a doutrina dos sufis, um sufi respondeu:

“Rumi voou para as alturas da perfeição como a águia, num repente; Attar chegou à mesma altura marinhando como a formiga”.

Rumi disse: “Attar é a própria alma”.



FONTE:http://dim-dim-universos.blogspot.com.br/2011/04/farid-ud-din-attar.html 



TÚMULO DE ATTAR EM NISHAPUR.


(DEVE-SE ENTENDER QUE O POETA SE EXPRIME NA LINGUAGEM SIMBÓLICA DA POESIA PARA EXPRESSAR A BUSCA ETERNA DO SER HUMANO PARA IR AO ENCONTRO DE DEUS...O sufismo busca o Criador
na  essência da Beleza em todas as suas manifestações e no total desapego às coisa terrenas. Vê-se uma ligação muito estreita entre o Sufismo e a filosofia de vida do povo RHOM,os Ciganos.)


(...)O amor de Sua beleza é um oceano de fogo.

Se você é um amante, queimará, 
assim é o Caminho.

Onde a chama brilhante de uma vela se elevar

A mariposa passando ali certamente queimará.


Se você quer o segredo do amor, 
abandone a crença e a descrença.

Que espaço há para elas com a chegada do amor?

O amante que chega ao primeiro estágio do Caminho

cai na fragilidade como uma sombra no chão.

Um pouco depois não resta nada da sombra

pois o sol fica esperando num lugar distante.(...)









O Rouxinol (Extraído do livro "A Linguagem dos Pássaros,escrito por Attar.)

      O amoroso Rouxinol foi o primeiro a adiantar-se, quase fora de si de paixão. Cada uma das mil notas do seu cantar extravasava emoção; e cada qual encerrava 
um mundo de segredos. Quando ele cantava esses mistérios, os pássaros silenciavam.
      "Conheço os segredos do amor", disse. "Repito a noite inteira meus cantos amorosos. Não haverá um Davi infeliz para quem eu possa cantar os salmos ansiosos 
de amor? Por minha causa emite a flauta seus meigos queixumes e o alaúde, seus lamentos. Crio um tumulto entre as rosas e no coração dos amantes. Ensino sempre mistérios 
novos e, a cada instante, repito novos cantos de tristeza. Quando o amor me subjuga o coração, meu canto é como o suspiroso mar. Quem me ouve deixa de lado a razão, 
ainda que figure entre os sábios. Quando me separo de minha querida Rosa fico desolado, deixo de cantar e não conto a ninguém meus segredos. Meus segredos não são 
conhecidos de todos; só a Rosa os conhece com certeza. Estou tão enamorado dela que não penso sequer na minha existência; pois só penso na Rosa e no coral das suas 
pétalas. A jornada em demanda do Simurgh está acima das minhas forças; o amor da Rosa basta ao Rouxinol. É para mim que ela floresce com suas cem pétalas; que mais, 
portanto, posso desejar? A Rosa que hoje se enflora está cheia de desejo e sorri para mim com alegria. Quando mostra o rosto sob o véu, sei que o mostra para mim. 
Como pode, pois, privar-se o Rouxinol, nem que seja por uma só noite, do amor de sua feiticeira?"
      








terça-feira, 27 de março de 2012

O AMOR,A ROSA E O ROUXINOL NA LITERATURA PERSA...


Na literatura persa o Rouxinol representa o Enamorado e, a Rosa,  o objeto de seu Amor , a Amada...






"O coração que não conhece o mal de amores não é um coração, o corpo privado da pena de amor não é mais que barro e água. Esquece-te do mundo e não penses mais do que na paixão amorosa, pois a região do amor é um remanso de delícias. Que nenhum coração escape a suas doces torturas! A inquietude amorosa é o que provoca o movimento eterno do universo, a vertigem do amor é o que faz girar as esferas. [...] Podes perseguir muitos ideais, mas somente o amor te libertará de ti mesmo. Não fujas, pois, do amor, Nem siquer daquele das aparências terrestres, pois não há outra via que conduza à verdade suprema." Assim, Djami abre o relato romântico da história de Yusuf e Zuleika.


(versão espanhola do Editorial Sufi, Madri).







Rubhayat

Enquanto o rouxinol lhe entoava um hino,
murchou a bela rosa por causa do vento sul.
Lamentaremos por ela ou por nós?
Quando morrermos, outra rosa desabrochará.

Nesta noite caem pétalas das estrelas,
mas o meu jardim ainda não está coberto delas.
Assim como o céu derrama flores sobre a terra,
verto em minha taça o vinho da cor das rosas.



A aurora encheu de rosas a taça do céu,
e o último rouxinol canta o seu meigo canto;
e ainda há quem pense em honras e glórias...
Vem, menina... que sedosos são os teus cabelos...





 O vinho é da cor das rosas;
talvez não seja o sangue das uvas, mas das rosas;
e o azul desta taça talvez seja o céu cristalizado;
e não seria a noite a pálpebra do dia?


Uma rosa dizia:
"Sou a maravilha do universo.
Será possível que um perfumista
tenha coragem de fazer-me sofrer?"


Um rouxinol cantou:
"Um dia de felicidade
prepara um ano de lágrimas.




                            OMAR KHAYYAM





IMAGENS DO GOOGLE.













quarta-feira, 21 de março de 2012

CULINÁRIA IRANIANA...



DESDEJUM

Normalmente o que tem na mesa é o pão naan com manteiga e geléia. Mas se você procura um café da manhã com mais sustância, então a dica é o halim. Halim é uma mistura de trigo, canela, manteiga e açucar cozido com carne desfiada. Dá pra comer quente ou frio. 



KEBAB DE CORDEIRO












Khoresh de karafs (Guisado com Salsão)
PICADINHO COM SALSÃO 



KEBAB
A palavra KEBAB significa "carne grelhada" em persa e é geralmente um prato preparado comcordeiro ou de carne, de modo que kebab de  frango é uma variação do mesmo. 






Na cozinha persa preparam-se muitas sopas, que podem conter lentilhasmacarrõesiogurte, frutos secos, etc. Conhece-se o Abgusht (denominado Dizi) que se trata de um prato com marcado caráter nacional, que conssiste em umcozido de carne de cordeiro e grão-de-bicos e que pode envolver um rito à hora de servir: existe um recipiente específico para o cozido, outro para caldo, que inclui um pilão. As distintas regiões do Irã têm suas particulares maneiras de preparará-lo e desta forma pode-se encontrar com feijões,berinjelas, com rins de cordeiro fritos no azeite, etc.
O prato mais conhecido no ocidente é o kebab que normalmente se elabora com carne de cordeiro, embora existem variedades como o Chelow kabab que é o mesmo kebab mas acompanhado de arroz, e o Kebab-e Morgh comfrango assado. No Irã existe o Ash que é uma sopa, componente básico na dieta persa de simples realização e muito saboroso, que se pode preparar de diferentes maneiras dependendo da região onde se degusta. Na zona do Mar Cáspio pode-se comer kebab de esturjão e no Tabriz há uma variante de kebab denominada Shishlik farsi (ou no azeriPizola)) que consiste em um espeto no que se desfiam costelas de lechal e se acompanha de tomates e pimentões verdes, às vezes muito picantes. Em outras partes do país o acompanhante do kebab costuma ser o arroz, os tomates assados, a cenoura ralada ou a beterraba, junto ao pão que costuma ser servido com cebolas cruas.

Acompanhamentos

Existem certos acompanhamentos aos pratos iranianos (mokhalafat) que dependendo da região são essenciais no almoço (nahar) e no jantar (shahm). Estes pratos incluem ervas frescas denominadas sabzi (uma mistura de basilisco,coentrotarragão e agrião), assim como uma variedade de pães, denominados noon (as variedades são: sangak, lavash, barbari), queijo denominado panir muito similar ao feta,pepininhostomates e cebolasiogurte e suco de limão.


PÉTALAS DE ROSA
 

No Irã, o perfume de pétalas de rosa fornece um pano de fundo misterioso a pratos doces e salgados. Margaret Shaida, no livro The Legendary Cuisine of Persia(A lendária cozinha da Pérsia, 2002), comenta: "Assim como a rosa é uma parte integrante da literatura persa, ao lado do rouxinol, esta delicioso fragrância ocupa lugar semelhante no contexto da culinária persa, ao lado do limão e do açafrão".


O AÇAFRÃO É DE ORIGEM PERSA...


Os picles são realizados com vinagre, na zona do Mar Cáspio é muito empregado o sir composto de alhos no molho de vinagre. Muito frequente é o torshi jiarshur (pepininhos no molho de vinagre). O iogurte no farsi mast forma parte de todo menu diário, que é preparado em salada, com alhohortelã-verde e se mistura com fruta fresca, no qual acrescenta mel; este prato pode-se comer de sobremesa assim como entre-pratos ou como pratos extras.





 



O CHÁ


 


 O chá (chai) se serve na hora do café-da-manhã e imediatamente antes e depois de cada almoço e janta. O chá costuma-se tomar nas Chaijane (casa de chá)). No século XIX eram um lugar de encontro de artistas que acabavam pintando as paredes com motivos mitológicos. Na atualidade são lugares com sua própria personalidade.

PÃES



 
O pão (denominado nan ou nun) costuma-se preparar de quatro formas distintas:
  • O barbari elaborado com farinha de trigo é como a base de uma pizza delgada de uns 40 a 60 cm de diâmetro e é típico das zonas azaris (influência claramente da turca).
  • O sangak é parecido com o anterior, mas fabricado com farinha integral e tem algo de espesso (meio centímetro) e possui alguns orifícios, este tipo de pão é o mais popular do país.
  • O lavash, elaborado com farinha branca; é de textura muito fina e serve-se dobrado sobre um prato com umguardanapo.
  • O taftun é fino como o lavash mas de grande tamanho, elaborado a partir de farinha de trigo. Este tipo de pão costuma-se cozinhar pegando-o às paredes do forno.


Sobremesas

 



 











São muito desejados e possuem muita fama os doces de QomYazd. Os mais típicos são o Baglava composto de nozesdoces com muito azeite e normalmente cortados em forma dediamante, o Lowz-e-bidmeshk que é um salgueiro perfumado, o Sohan composto de farinha e doces de nozes. 


(Wikipédia)-IMAGENS DO GOOGLE.

terça-feira, 20 de março de 2012

ARTE PERSA E MÚSICA,,,













arte persa é um conjunto de obras e estilos artísticos que se originaram ou se desenvolveram na Pérsia. Entre 550 e 500 a.C., uma tribo habitante da planície iraniana adorava a luz e o sol, acreditava na luta entre o bem e o mal e há muito tempo encontrava-se sob o jugo dos medos. Estes rudes guerreiros eram os persas. Em 558 a.C., sob o comando de Ciro, o Grande, eles se revoltaram e derrotaram seus opressores.  



Esta civilização era essencialmente guerreira, característica naturalmente expressa em sua produção artística, com a criação de criaturas míticas, fantásticas, quase sempre grandiosas, figuras com cabeças humanas e corpos de leão, touro e águia. Suas esculturas eram modeladas com argila e mármore, seus palácios e imponentes construções testemunham o valor da arquitetura persa, as sedas e tapeçarias foram idealizadas como verdadeiras obras de arte.


Jarra con medallón y «escena de rapto» 





Frontispicio de una copia mameluca del Maqamat de Hariri, 1334, Egipto







 




Qay's First Glimpse of The Fair Laila

Laila’s Messenger Meets Majnu in the Forest





IMAGENS DO GOOGLE


segunda-feira, 19 de março de 2012

Poemas de Rumi...Poeta sufi da Pérsia antiga






Na verdade, somos uma só alma, tu e eu.
Nos mostramos e nos escondemos tu em mim, eu em ti.
Eis aqui o sentido profundo de minha relação contigo,
porque não existe, entre tu e eu, nem eu, nem tu








1207 - 1273 



 




Faltam-te pés para viajar?
Viaja dentro de ti mesmo,
e reflete, como a mina de rubis,
os raios de sol para fora de ti.

A viagem conduzirá a teu ser,
transmutará teu pó em ouro puro.


 

Desde que chegaste ao mundo do ser,
uma escada foi posta diante de ti, para que escapasses.
Primeiro, foste mineral;
depois, te tornaste planta,
e mais tarde, animal.
Como pode isto ser segredo para ti?

Finalmente, foste feito homem,
com conhecimento, razão e fé.
Contempla teu corpo - um punhado de pó -
vê quão perfeito se tornou!

Quando tiveres cumprido tua jornada,
decerto hás de regressar como anjo;
depois disso, terás terminado de vez com a terra,
e tua estação há de ser o céu.

 
ABÓBODA DE TEMPLO ISLÂMICO.


Só podes ver o vermelho, o verde e o escarlate
a menos que primeiro vejas a luz.
Quando tua vista é ofuscada por cores,
Essas cores velam de ti a luz.
Mas quando a noite vela essa cores de ti,
Percebes que só são vistas por meio da luz .

 

O meu lugar é sempre o" não lugar",
não sou do corpo, da alma, sou do Amado.
O mundo é apenas Um, venci o Dois.
Sigo a cantar e a buscar sempre o Um. 


 

 

Silêncio!
E depois mais silêncio.
Não use a boca para falar.
A boca é para provar dessa doçura.

 



 Por mais que se descreva ou se explique o amor,
quando nos apaixonamos envergonhamo-nos de nossas palavras.
A explicação pela língua esclarece a maioria das coisas,
mas o amor não explicado é mais claro.
Quando a pena se apressou em escrever,
ao chegar no tema do amor, partiu-se em duas.
Quando o discurso tocou na questão do amor,
a pena partiu-se e o papel rasgou-se.(...)


 

Masnavi ou Masnavi-I Ma'navi (em persaمثنوی معنوی), (emturcoMesnevi), também escrito como Mathnawi ou Mesnevi, escrito em persa por Jalal ad-Din Muhammad Rumi, o celebrado santo sufi e poeta persa, é um dos trabalhos mais conhecidos e influentes tanto do sufismo quanto da literatura da Pérsia. Contando com seis livros de poemas compreendendo mais de 50.000 linhas, representa em 424 histórias a luta e o sofrimento do homem em sua busca por Deus. 

 
Rumi Amena Pictures, Images and Photos
IMAGENS DO GOOGLE.